Thursday, September 27, 2012

Dizem que é um hostel…


Dizem que é um hostel. Tem quartos e dormitórios. Cozinha limpa e pronta para tu utilizares. Tem uma zona de convívio agradável e casas de banho que pisas com o teu pé desnudo. Tem tudo para dizeres que é um hostel. Mas nao é!

É um pedaço de paraíso. Um oásis para viajantes cansados pelo ritmo da viagem. É um sitio de convívio e sonhos. E esta é a palavra que melhor o define: Sonho!

Mais que paredes, aquele espaço é um concretizar de um sonho. E essa energia reflete-se em cada pormenor desse sítio que dizem que é um hostel. Uma que apenas podes sentir na América Latina. A magia desta regiao é iniligualável. Esta nasce na paixao que as pessoas colocam no que fazem e se relacionam. Tudo é sentido, tudo é vivido.

Mas o sonho nao terminou no concretizar do local. É construido no dia-a-dia pelas pessoas que fazem a magia acontecer. Nos sorrisos, abraços e danças. Nos almoços partilhados e nas noites cantadas. E principalmente na forma como o concretizar de um sonho permite outros se materializarem.

Cheguei a este local a que chamam de hostel sem nada. Nenhuma expectativas sem ser a de um espaço em que ia ter o meu primeiro trabalho na viagem e que ficava num local estratégico para visitar o Eje Cafetero. Local obrigatório de visitar quando queres conhecer Colombia. Arménia nao tem nenhum atrativo visível sem ser o seu posicionamento. Rápido aprendes que sao esses locais que te surpreendem mais e que te roubam o folêgo.

É certo que a troca de mails nas semanas anteriores já me tinham dado o feeling que o espaço tinha uma boa energia. Em viagem apuras o teu faro e consegues sentir mais facilmente uma ligaçao. Misticismo ou muita experiência, a realidade é que aprendes a confiar nos teus instintos, mais inteligentes que a tua racionalidade. E o instinto dizia-me que tinha de ir.

A recepçao nao poderia ser melhor e foi o primeiro passo para três semanas mágicas. Emociono-me ao recorda-las. Neste espaço a que chamam de Hostel, a minha vida mudou. Tudo foi mágico, com momentos tatuados na minha alma. Encontrei luzes dentro das pessoas disparadas pelos seus olhares e sorrisos. Aqui libertei a minha criatividade. Tive o apoio de todos e um carinho que nao posso transmitir em palavras…

P.S. E este pedaço de paraíso tem um nome: Casa Quimbaya. Por tudo quero deixar o meu enorme obrigado a todos os que partilharam estes momentos comigo.



Wednesday, September 26, 2012

Le Moi errant: Fragmentos...


Silêncio

Por vezes não resta mais nada. Lá fora tudo se transforma ao ritmo de um furacão. Por dentro ficas a escutar, incapaz de produzir uma palavra. Colombia tem sido isso. Um turbilhão silencioso. Inúmeras vezes tentei escrever. Outras tantas falhei esse objetivo.

E fiquei assim, silencioso. Até que a força de falar superasse tudo à minha volta. E heis me aqui pronto para recomeçar. Quando algo muda não te deves prender ao que já aconteceu. Tudo o que fazes é uma consequencia mas também uma ponte para o que farás de seguida.

E agora, depois de tanto lutar, chega o momento de abandonar o que fiz neste blogue. Entro na reta final da viagem e a forma como tenho escrito já não se adequa ao que vivo. Ainda pensei que conseguiria continuar o “bussiness as usual” mas foi apenas mais uma lição que tinha de aprender.

Se à minha volta tudo é confusão, não consigo escrever de forma ordenada. Tentar significa apenas falhar...

Passado, Presente, Futuro

Passado: Uma viagem estonteante. Locais fantásticos e momentos inesquecíveis ao ritmo de viajante. Artigos em busca de um estilo. Uma frequência errática mas constante.

Presente: Uma desconstrução criativa. Um prazer na permanência e na beleza do estar. Artigos inexistentes e um silêncio sentido.

Futuro: A construção do depois. O saborear do regresso. O abandono do presente. Artigo que combinarão o pessoal, o lugar, as fotos e tudo o que a minha imaginação o ditar.

O grito

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Pronto, com o grito dado posso recomeçar de novo!

P.S. Por vezes a única palavra que sai é o grito… e só depois de o soltares te podes libertar...

Wednesday, September 5, 2012

Le moi errant: Nao sou o melhor


Nao sou o melhor. Nao escrevo de forma elegante. Nao fotografo no preciso instante. Nao escolho palavras ou momentos. Nao tenho arte, pois esta está fora de mim. Nao me protejo. Nao escondo as falhas e os limites.  Nao te dou apenas o perfeito. Dou-me por completo…

Nao sou o melhor. Nao procures alguem que nao sou. Nao tentes encontrar o que está noutro lado. Existe melhor à minha volta. Mais arte, beleza e perfeiçao. Nao vivo angustiado com isso. O meu egocentrismo é tanto que nao me importam os outros. Olhos para esses e aprendo.

Nao sou o melhor. Nem quero ser. Luto apenas contra mim. Tento ultrapassar os meus limites. Fronteiras que cruzo enquanto caminho. Mostro ao mundo como sou. Uma simples pessoa, imperfeita por definiçao. Apenas alguem que sonha…

P.S. E o que atingir neste caminho mostrará que o sonho está ao alcance de todos.

Tuesday, September 4, 2012

La Tierra del Olvido




Hoje estou diferente. A viagem teve uma volta inesperada. Tao inesperada que nem sei se mudou ou cambiou. Hoje Colombia já entrou dentro de mim e sou um dos seus filhos. Isso torna tudo mais difícil de descrever. Estou habituado a descrever locais por onde passo, nao casas por onde permaneço. Mas nao baixo a cabeça a mais um desafio. No fundo foi um virar de página. Uma de tantas que compõem o livro da minha vida.

Naquele quarto de hostel, na maravilhosa cidade de Istanbul, desenhou-se este destino nos olhos sorridentes de Alejandro. E daí para cá foi um salto de 8 meses e muitas aventuras. O cabelo cresceu e a alma transformou-se em algo maior. Sou o mesmo puto, talvez com um sorriso mais rasgado.

Mas todas estas mudanças (ou será “câmbios”?) trouxeram uma verdadeira tempestade de mim. Tao violenta que apagou todos os posts ja escritos ou por escrever. Mas aproveito esta calma, no abrigo do hostel onde trabalho, para começar (ou será “empezar”?) a trabalhar na minha escrita outra vez. Nao deixa de ser curioso que volvidos 10 meses eu me sinta como no inicio. Um pouco perdido sem saber como arrancar.

Mas tal como o caminho se faz, também decido começar a escrever e ver depois onde chego. Por aqui, quero deixar o primeiro sabor a Colombia. Uma Colombia que me acolheu como um seu niño (ou será “sua criança”?). E é esta Colombia que todos levamos no coração – e que espero que um dia também tu também a leves. A vida é feita ao ritmo latino. Entre as pressas dos atrasos e as notas de uma cançao qualquer. E aqui tudo é ritmado, num que está em sintonia com a vida.

E se tivesse alguma dúvida sobre esta musicalidade, a “batucada” no aeroporto de Medellin apagou-mas. Depois, o caminho pela colombia fez-se numa onda de esquecimento. Nos olvidamos (ou será “esquecemo-nos”?)  da sua fama – bem injusta – de violência e insegurança. Navegamos pelos climas, paisagens e gentes únicas. Terra de pessoas hermosas (ou será “belas”?). Tao únicas quanto idênticas no seu acolhimento.

E é este saber acolher que transforma Colombia numa casa que te aconchega. Como? Em simples actos. No dono da tienda (ou será “loja”?) te oferece rebuçados quando lhes compras os cigarros e o habitual pedaço de bolo caseiro. Na troca de um “gracias” por um serviço prestado por um “con mucho gusto”. Ou então à volta de um tinto (ou será “café”?) envuelto en las conversaciones más contagiosas.

Colombia es el lugar que te bienvenida y te protege. Un lugar que una vez que usted pierde sus miedos, aprendes a vivir y amar. Un sitio para olvidar las penas y dificultades de su vida. Cuando, en medio de este calor, no terminas de sonreír con tu corazón ...