Thursday, November 1, 2012

Le Moi Errant: El Lobo Estepario


Hesse sempre aparece na altura certa. Foi assim na India. Encontrei-o numa pequena livraria depois de uma viagem espiritual. Foi assim em Colombia. Trazido pela voz de uma pessoa muito especial num momento que a minha vida se tornou mágica. As poucas palavras que ela utilizou para descrever este livro agarrou-me de imediato.

Demorou uns dias até que me guiasse, pelas ruas do centro de Bogota, ao livro. Estava finalmente nas minhas maos. O nome – El Lobo Estepário – e as primeiras palavras assustaram-me. Afinal qualquer animal desconfia quando se olha a um espelho.

Assim repousou durante uns tempo na mala. Sempre presente e alimentando o meu receio. Ainda nao era altura certa. Mas quando o meu espirito repousou um pouco, era a altura de o ler.

Uma vez mais a mesma sensaçao. Uma familiariedade estranha. Um pouco de mim viveu em Hesse e um pouco dele vive em mim. A mesma natureza sem a mesma vida. Olhamo-nos como dois lobos esteparios o fazem. Estranhos entre si. Parceiros na mirada.

Como no Sidartha, somos apenas semelhantes. Ler este livro é como ver um pouco do meu passado. Nao que tenha morto o meu lobo. Ele está bem vivo dentro de mim. Tao vivo como todos os outros eus. Mas nesse sábado, enquanto o sol amanhecia e o eu lia as ultimas palavras, percebi o quanto mudei, mantendo a minha natureza. Algo profundo cambiou dentro de mim. Um processo sem fim dentro de mim.

Foi com um sorriso que vi Hesse desconstruir toda a realidade à sua volta. Tornando a ficçao do seu livro mais real que a vida que muito de nós encenamos…

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