About me

Quando nasceu o bichinho de viajar? Não sei responder. Talvez seja algo genético. Pode ser que alguns de nós conservem ainda os genes que levaram os nossos antepassados a partir e colonizar este mundo.

A recordação mais antiga que tenho de querer viajar é em criança. Morava num bairro periférico de Lisboa e por cima do mesmo passavam as rotas dos aviões. Lembro de olhar para esses pontos que rasgavam os céus e imaginar-me partir para um destino qualquer. Via-me a precorrer ruas distantes, locais fantásticos e conhecer pessoas diferentes de mim próprio. Lembro-me de ficar maravilhado a ver o Indiana Jones e os sitios por que ele visitava. Não me interessava fugir de vilões e conquistar a donzela em apuros, mas sim o de conhecer locais que eram tão diferentes dos que eu vivia.

O meu bairro era feito de outro tipo de “viajantes”. Pessoas que vinham dos mais diversos pontos do país – numa primeira fase – e do mundo – numa segunda fase – para tentar fazer uma vida melhor. Com eles, traziam histórias, hábitos e recordações. Nessa altura a única forma que tinha de viajar era ouvi-los e imaginar como seriam os locais que eles narravam com tanto gosto.

Depois chegou a primeira vez que saí de Portugal. Recordo-me, ainda adolescente, da ansiedade de concretizar o que já era um sonho. O meu primeiro destino foi a Bélgica. A partir deste momento fiquei preso à minha vontade de viajar. Depois desta experiência, eu não gostava apenas de viajar, eu sabia que gostava de viajar. Só quando realizamos um sonho é que temos a certeza que ele é real. Até lá, é apenas uma visão romântica ou um doce pesadelo.

No entanto a vida “normal” tem a sua forma de se impôr. E nesta fase a sede de viajar foi ultrapassada pela necessidade de uma vida mais sedentária. É fácil nos iludirmos durante uns tempos. O mundo está construido para sedentários, e, quando uma pessoa gosta de experimentar coisas diferentes, é fácil distrair esta necessidade de viajar. Aparece assim a faculdade e depois o trabalho. Compra-se uma casa e fica-se preso a um local. Nesta fase as viagens foram feitas anualmente. Era o equilíbrio possível entre os genes “nomadas” e a minha vida sedentária. Três semanas a viajar compensavam o ano parado no mesmo local.

Mas como não podemos fugir à nossa própria natureza, mais cedo ou mais tarde, ela ganha uma força que não consegues dominar. Cheguei a essa conclusão da forma mais comum que existe: uma crise e um explodir de emoções que te obrigam a repensar tudo à tua volta. Sem que eu pudesse mais controlar, a decisão de dar a volta ao mundo impôs-se a tudo o resto. Começas a perceber que os grandes obstáculos para partires são meros moinhos de papel, e é apenas uma questão de tempo até iniciares a tua primeira viagem.

A minha começará em Outubro e levar-me-á de Istambul ao Rio de Janeiro...

P.S. Muitas pessoas dizem-me que é preciso coragem para “abandonar” uma vida sedentária e embarcar nesta “aventura”. Costumo responder que não, não é coragem. Pelo menos eu não me sinto corajoso por fazer esta volta. Para mim é um passo natural na minha vida, tão natural como respirar ou sorrir...

NOTA BIOGRÁFICA (Não tenho muito jeito para estas coisas, mas numa página como esta convém colocar algo :)):

Nasci em 1979, tirei o curso de Gestão no ISEG, trabalho como gestor financeiro de projetos (pelo menos até partir de viagem), pertenço a um movimento político (MLS - Movimento Liberal Social) onde sou membro da direção e tesoureiro. Durante alguns anos fui bloguer (e agora volto a ser) e mantive dois blogues activos (Wall of Speech e Tuga) enquanto tive “paixão” para tal.
Escusado será dizer que gosto de viajar, mas além disso, gosto de conhecer pessoas (uma boa forma de viajares sem saires do mesmo local), escrever, ler, ouvir música, ver filmes (e fazê-los na minha cabeça, lol), jogar à bola (apesar da suprema falta de qualidade), de caminhar, de comer... Resumidamente gosto de aproveitar a vida ao máximo, até porque só temos uma e não existe nenhum botão “rewind”...