Na Europa “ocidental” a Turquia parece um país fechado, conservador e distante. Preconceito muitas vezes estendido a Istanbul. Na melhor das hipóteses, temos uma ideia duma cidade distante e exótica. Nada pode estar mais afastado da realidade. Percebi isso logo que desci das nuvens e vi pela primeira vez “A Cidade”. Foi uma tonalidade familiar que me acolheu. Por momentos parecia que chegava a casa.
Não estava preparado para isso. Fruto dos meus próprios preconceitos, tinha imaginado uma cidade transformista, um local de passagem para sitios mais exóticos. E como eu estava enganado. O nome da cidade foi escolhido a dedo. Esta é uma cidade que vale por si só. Não se consegue realmente descrever. Tentar fazê-lo é como apanhar o vento com as mãos. Não é algo que se agarra mas sim que se sente.
Não estava preparado para isso. Fruto dos meus próprios preconceitos, tinha imaginado uma cidade transformista, um local de passagem para sitios mais exóticos. E como eu estava enganado. O nome da cidade foi escolhido a dedo. Esta é uma cidade que vale por si só. Não se consegue realmente descrever. Tentar fazê-lo é como apanhar o vento com as mãos. Não é algo que se agarra mas sim que se sente.
Então o que é Istanbul? É certo que encontraremos pessoas com véus na cabeça. Que o horizonte é marcado pelas suas inúmeras mesquitas, ou que os muezzins nos lembram que é o momento para rezar. Mas quem vê apenas isso, vê uma cidade que não existe.
É impossível para mim responder à questão. Tem sido difícil escrever este texto. Talvez por ser o primeiro, ou talvez por sentir a responsabilidade de escrever sobre uma cidade que aprendi a amar e a respeitar. Logo quando cheguei a Aya Sofia Meydani, uma praça que medeia as duas conhecidas mesquitas, senti isso. Nunca as apreciei muito. Habituado a templos muito ornamentados, as que conhecia sempre me pareceram despidas e frias. Isso mudou aqui. Estar no meio destas é estar no meio de um desafio entre dois belos monumentos. É uma sã rivalidade que os muezinns parecem acompanhar na altura do chamamento.
Nesta zona conseguimos encontrar três das atrações mais conhecidas desta cidade a uma distância de cinco minutos. Para além da Mesquita Azul e Ayasofia, existe também o Palácio Topkapi. Um palácio que vale mais pelos seus espaços, arquitetura e história, do que pela beleza dos seus quartos interiores.
Como seria de esperar, todos estes sitios estão cheios de turistas, e com estes aparecem os vendedores de tours ou guias “profissionais”. É uma harmonia caótica que se vive aqui. Sendo que uma pessoa nunca se sente incomodada com as ofertas. É um facto que te abordam à primeira oportunidade, mas também te largaram quando não mostrares interesse. Tal como no mercado mais conhecido, o Grand Bazaar. É sem dúvida impressionante. Um mundo por si só, com as suas imensas ruas e ruelas. Parece um outro universo, e passado 10 minutos temos a impressão de que conseguiriamos viver sem nunca sair lá de dentro.
Toda esta zona foi um excelente arranque para a minha aventura em Istanbul, mas se se resumisse a isto, não seria a cidade que tanto gosto. Sortudo como sou, tive o privilégio de ir um pouco além do circuito normal turistico. Devo-o a três amigas desta maravilhosa cidade. E talvez mais que tudo o que tenha visto e experimentado, elas são o que de melhor esta cidade tem para oferecer: uma enorme simpatia e um extraordinário prazer em nos mostrar o que de melhor existe.
A uma devo a experiência de comer os melhores profiterolis do mundo. Encontram-se na Istikal Caddesi, uma avenida parecida à nossa Rua Augusta. Numa pequena pastelaria (INCI Pastanesi) está a harmonia perfeita entre os ingredientes que compõem este doce. O único perigo é uma pessoa não conseguir parar de comer e arruinar o seu orçamento para a viagem (apesar de não serem caros - 5 liras cada). E para quem me conhece sabe bem que não sou guloso, mas este local tornou-me num.
Para além desta experiência, segui o conselho de visitar duas zonas da cidade: Ortaköi e Vali Konagi Caddesi. O primeiro é um bairro cheio de comercio e cafés. Fica perto da Bogaziçi Köprüsü, uma das pontes que une a Europa à Ásia. Daqui podemos fazer um pequeno cruzeiro de uma hora pelo Bósforo e admirar a belas casas e paisagens que ficam situadas nas suas margens.
A zona da Vali Konagi Caddesi é uma zona comercial e em que não se encontram muitos (ou mesmo nenhuns) turistas. Um óptimo sítio para ver esta cidade a se movimentar. Passei uma excelente tarde de Sábado e terminei num café: The House café. Apesar de não ser tradicional, serve comida que nos satisfaz todos os sentidos. Fica num sitio calmo, na Atiye Sokagi nº 10, uma transversal à Tesvikie Caddesi (que parte da Vali Konagi), constituida por restaurantes e cafés chiques situados nos apartamentos desta rua. Aqui encontramos muito glamour e estilo, e percebemos que a imagem vendida na Europa “ocidental” está tão fora da realidade.
A uma outra amiga devo uma excelente noite passada em Tophane a fumar Nargile e a conversar. E, principalmente, a conhecer um pouco mais da realidade deste país e desta cultura. Apesar da viagem ainda ir no início, é um dos momentos que não irei esquecer. Aqui pude testemunhar ao vivo a enorme simpatia deste povo. Passar uma noite nesta zona é por si só uma experiência. Passa-lo, na companhia das pessoas que conheci, é algo extraordinário e que guardarei no meu coração.
Finalmente, a terceira pessoa deu-me a oportunidade de poder fazer à noite uma caminhada entre Tophane - que fica na parte norte - e Sultanahmet - a zona histórica da cidade. Entre palavras, pude conhecer como esta cidade tem aspectos mais liberais que muitas congéneres europeias, ou como, pela Ponte Galata, as dezenas de pescadores passam o seu tempo pelo prazer da pesca. Aos meus olhos eles seriam profissionais, tal o empenho com que se dedicam àquela actividade, no entanto a realidade é que é pela paixão que o fazem. E a essa hora nocturna existe quase um mundo paralelo. Pessoas estão à volta de uma fogueira enquanto outras vendem comida. Um mundo auto-sustentável e também muito apaixonante.
E talvez seja isto que esta cidade é: apaixonante. Como disse no início, não a sei definir. Talvez seja um pouco de tudo. São milhões de vidas que cruzam estas ruas, e que, pouco a pouco, transformam esta cidade em algo único. Aqui, eu não vejo uma ponte entre o Ocidente e o Oriente, nem sequer vejo exotismo. Aqui, vejo uma cidade que é única e que vale pelo seu todo. Vejo simpatia sem paralelo e um sítio a que poderia chamar de casa. Esta é “A Cidade”, e acho que depois desta experiência também a levo comigo. De uma forma inexplicável também tornou-se a minha cidade. Talvez isso seja Istanbul...
É impossível para mim responder à questão. Tem sido difícil escrever este texto. Talvez por ser o primeiro, ou talvez por sentir a responsabilidade de escrever sobre uma cidade que aprendi a amar e a respeitar. Logo quando cheguei a Aya Sofia Meydani, uma praça que medeia as duas conhecidas mesquitas, senti isso. Nunca as apreciei muito. Habituado a templos muito ornamentados, as que conhecia sempre me pareceram despidas e frias. Isso mudou aqui. Estar no meio destas é estar no meio de um desafio entre dois belos monumentos. É uma sã rivalidade que os muezinns parecem acompanhar na altura do chamamento.
Nesta zona conseguimos encontrar três das atrações mais conhecidas desta cidade a uma distância de cinco minutos. Para além da Mesquita Azul e Ayasofia, existe também o Palácio Topkapi. Um palácio que vale mais pelos seus espaços, arquitetura e história, do que pela beleza dos seus quartos interiores.
Como seria de esperar, todos estes sitios estão cheios de turistas, e com estes aparecem os vendedores de tours ou guias “profissionais”. É uma harmonia caótica que se vive aqui. Sendo que uma pessoa nunca se sente incomodada com as ofertas. É um facto que te abordam à primeira oportunidade, mas também te largaram quando não mostrares interesse. Tal como no mercado mais conhecido, o Grand Bazaar. É sem dúvida impressionante. Um mundo por si só, com as suas imensas ruas e ruelas. Parece um outro universo, e passado 10 minutos temos a impressão de que conseguiriamos viver sem nunca sair lá de dentro.
Toda esta zona foi um excelente arranque para a minha aventura em Istanbul, mas se se resumisse a isto, não seria a cidade que tanto gosto. Sortudo como sou, tive o privilégio de ir um pouco além do circuito normal turistico. Devo-o a três amigas desta maravilhosa cidade. E talvez mais que tudo o que tenha visto e experimentado, elas são o que de melhor esta cidade tem para oferecer: uma enorme simpatia e um extraordinário prazer em nos mostrar o que de melhor existe.
A uma devo a experiência de comer os melhores profiterolis do mundo. Encontram-se na Istikal Caddesi, uma avenida parecida à nossa Rua Augusta. Numa pequena pastelaria (INCI Pastanesi) está a harmonia perfeita entre os ingredientes que compõem este doce. O único perigo é uma pessoa não conseguir parar de comer e arruinar o seu orçamento para a viagem (apesar de não serem caros - 5 liras cada). E para quem me conhece sabe bem que não sou guloso, mas este local tornou-me num.
Para além desta experiência, segui o conselho de visitar duas zonas da cidade: Ortaköi e Vali Konagi Caddesi. O primeiro é um bairro cheio de comercio e cafés. Fica perto da Bogaziçi Köprüsü, uma das pontes que une a Europa à Ásia. Daqui podemos fazer um pequeno cruzeiro de uma hora pelo Bósforo e admirar a belas casas e paisagens que ficam situadas nas suas margens.
A zona da Vali Konagi Caddesi é uma zona comercial e em que não se encontram muitos (ou mesmo nenhuns) turistas. Um óptimo sítio para ver esta cidade a se movimentar. Passei uma excelente tarde de Sábado e terminei num café: The House café. Apesar de não ser tradicional, serve comida que nos satisfaz todos os sentidos. Fica num sitio calmo, na Atiye Sokagi nº 10, uma transversal à Tesvikie Caddesi (que parte da Vali Konagi), constituida por restaurantes e cafés chiques situados nos apartamentos desta rua. Aqui encontramos muito glamour e estilo, e percebemos que a imagem vendida na Europa “ocidental” está tão fora da realidade.
A uma outra amiga devo uma excelente noite passada em Tophane a fumar Nargile e a conversar. E, principalmente, a conhecer um pouco mais da realidade deste país e desta cultura. Apesar da viagem ainda ir no início, é um dos momentos que não irei esquecer. Aqui pude testemunhar ao vivo a enorme simpatia deste povo. Passar uma noite nesta zona é por si só uma experiência. Passa-lo, na companhia das pessoas que conheci, é algo extraordinário e que guardarei no meu coração.
Finalmente, a terceira pessoa deu-me a oportunidade de poder fazer à noite uma caminhada entre Tophane - que fica na parte norte - e Sultanahmet - a zona histórica da cidade. Entre palavras, pude conhecer como esta cidade tem aspectos mais liberais que muitas congéneres europeias, ou como, pela Ponte Galata, as dezenas de pescadores passam o seu tempo pelo prazer da pesca. Aos meus olhos eles seriam profissionais, tal o empenho com que se dedicam àquela actividade, no entanto a realidade é que é pela paixão que o fazem. E a essa hora nocturna existe quase um mundo paralelo. Pessoas estão à volta de uma fogueira enquanto outras vendem comida. Um mundo auto-sustentável e também muito apaixonante.
E talvez seja isto que esta cidade é: apaixonante. Como disse no início, não a sei definir. Talvez seja um pouco de tudo. São milhões de vidas que cruzam estas ruas, e que, pouco a pouco, transformam esta cidade em algo único. Aqui, eu não vejo uma ponte entre o Ocidente e o Oriente, nem sequer vejo exotismo. Aqui, vejo uma cidade que é única e que vale pelo seu todo. Vejo simpatia sem paralelo e um sítio a que poderia chamar de casa. Esta é “A Cidade”, e acho que depois desta experiência também a levo comigo. De uma forma inexplicável também tornou-se a minha cidade. Talvez isso seja Istanbul...
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