Monday, July 16, 2012

Um dia em... Siem Reap

Bom dia! Hoje vai ser um pouco diferente. Encontro-te junto ao hotel. E hoje trago tudo comigo, pelo que não preciso de voltar ao quarto. embora este é o melhor que eu já tive desde que viajo. A cama é ampla. Casa de banho e agua quente incluídos. Ah e televisão no quarto. Sim um luxo. A ventoinha é mais que suficiente e gosto da decoração, dois quadros com imagens de arte khemriana. Ok, o preço acompanha o luxo e tenho de pagar 7 USD por noite. Confus@ por falar em dólares? Pois, por aqui tudo se paga nesta moeda. Se fores aos multibancos serão estes que sairão.
Encontro-te na recepção do hotel. Se demorar um pouco podes te sentar num dos bancos de madeira, que existem à volta da mesa com um modelo de angkor wat a decorar. Se os achares poucos confortáveis, tens as cadeiras de vime com almofadas. Ah? Já estás aqui. Boa. Vamos seguir e comer alguma coisa. Como estou numa de turista podemos ir para o restaurante do hotel. Fica ali, para lá daquelas escadas que partem da recepção e nos guiam a um outro edifício.
Podemo-nos sentar nesta mesa. O restaurante está vazio. Normal a esta hora. Eu vou encomendar um Luk Luck, um prato cambodjano. Muito parecido ao bife de cebolada, gosto do seu sabor. Ah, recomendo que comas algo energético. Hoje é um dia de exercício. Vou chamar o empregado. Eles são mesmo simpáticos, sempre a sorrir. Mas nesta altura podes morrer de fome se ficares à espera que eles venham ter contigo. Já escolheste? Optimo. O empregado aponta o pedido e eu assino o papel. Por aqui o pagamento é no final quando fizer o check out. Não me posso esquecer de adicionar 3 USD à minha conta.
A fome já apertava pelo que não demoro muito tempo. Vamos para a rua. É altura de irmos à procura de um sitio para alugar uma bicicleta. Yep... isso mesmo... hoje vamos de bicicleta. Procuremos na rua pricipal, já aqui ao lado. Esta rua segue até à rotunda e daí segue a dita.
Não ligues à confusão desta rua. É bem própria deste país e tudo acaba por fluir. Podes pensar que é uma massa confusa, mas as pessoas de bicicleta, moto, carro ou a pé seguem um ritmo melodioso. E sim, prepara-te que daqui pouco vais entrar nessa confusão de bicicleta. Para já sigamos pela berma da estrada.
Podes ver o comerciante com o seu carrinho de vendas. Este serve crepes. Disponíveis até que a chuva venha. Atrás encontramos o supermercado – identico a todos os outros - e com um pouco de todos os produtos importados. À sua frente um mini-mercado de rua com comidas. Aqui podes comprar um jantar embalado em pequenos sacos de plastico, ou no caso do churrasco em pauzinhos de espetada.
Mais à frente, e porque estamos numa rua turistica, tens inumeras guesthouses, restaurantes e “postos turisticos” que não são mais que agências de turismo e internet café. A nossa atenção vai para estas, pois normalmente podemos alugar lá bicicletas.
Ok, vamos então à primeira.
“Hello”
“Aaallooo...” com um generoso sorriso
“Do you rent bikes?”
“Yes... 3 UDS”
“What?! So much...”
“Cheap... cheap... New bike...”
“Oh... No... too expensive... I was looking for less... just an old one...”
“Oh... No problem...”
Altura de regressar à estrada. Do outro lado vejo uma loja. Vamos atravessar... não te assustes. Existe muito movimento, mas é fácil...
Os carros são os menos flexíveis. Ou deixas passar ou corres antes de chegarem. As motas e bicicletas são mais flexíveis. Segues o teu ritmo que se desviarão. Ah e não hesites. Ao mesmo tempo que tu decides, todos os outros fazem o mesmo. Pensa nisto como uma dança colectiva espontânea. Se todos seguirem o ritmo, a coreografia é feita sem falhas. Ok, agarra a minha mão e vamos a isto. Carro – pausa – Espaço entre Carro – um corridinho rápido – Depois de Carro – um slow para olhar em volta – Motas e Bicicletas – uma valsa para chegarmos ao outro lado. E já está! Nem sentes a confusão à tua volta.
Altura de nova negociação. O mesmo discurso, a mesma conclusão. Demasiado caro. O preço que tenho em mente é 1 USD. Por 3 USD podemos juntar mais um pouco e ir de Tuc-tuc. Não é a mesma coisa, mas é mais confortável. Olha... vejo ali mais uma loja. Perto da rotunda. Parece ser mesmo o que queria.
Vamos atravessar uma vez mais... ok... agora já consegues por ti. Vês?... é fácil. Vamos descobrir quanto custa. A rapariga da loja sorri ao chegarmos
“Aaalllloooo...”
“Hello... I want to rent a bike? How much?”
“One dolar...”
“perfect”
Não consigo guardar o entusiasmo. Já não acreditava conseguir. Vamos escolher a bicicleta. Para mim é fácil. Tem de ter um guiador direito e apenas existe uma. Espero que consigas guiar com os outros. Consegues? Optimo. Vamos até Angkor Wat.
“How to Angkor Wat?”
“Straight ahead... Main road...” diz gentilmente e com um sorriso.
“Thank you... Aw Kumm” Ela sorri ainda mais com o som do meu mal entoado “Obrigado”.
Agora a aventura começa a sério. Já não ando de bicicleta há muito, e é a primeira vez que o faço no meio deste trânsito. Temos de atravessar a estrada, que a nossa direcção está do outro lado. Bem se calhar é melhor fazer à maneira local. Começamos em sentido contrário, e lentamente vamos nos aproximando do nosso lado. Uma vez mais sem hesitações... As motos assustam, mas não vão chocar contigo. Mais um bocadinho... e já estamos na direcção correta. Agora é um instante até chegarmos à berma. O local das bicicletas. Temos a companhia de outros por isso é só seguir o passo.
E agora o segundo obstáculo. Um cruzamento. Tens de calcular bem a tua entrada em apenas alguns segundos. O melhor é juntarmo-nos a outros ciclistas. Percebes agora a técnica dos bandos e fazemos o mesmo. Ao ver tantos ciclistas, as motas abrandam o suficiente para deixar passar. E nós aproveitamos. Se hesitarmos eles ficarão à nossa frente e é a nossa altura de parar. Pronto... obstáculo ultrapassado. Com as regras em mente já podemos aproveitar e admirar o que se passa à nossa volta.
A confusão tipica de backpackers area fica para trás. Chegamos aos hoteis de 5 estrelas. Gigantescas mansões que absorvem toda a vida à sua volta. Por aqui não existe muito comércio de rua. Apenas tuc-tuc's parados que temos de evitar... Sigamos ao nosso ritmos, um que as minhas pernas aguentem.
Mais movimento à nossa frente. Desta vez por causa do Hospital e das duas lombas gigantescas antes e depois da sua entrada. Entre pessoas que visitam - ou que precisam de atendimento - e pessoas que saem, a confusão está instalada. As várias barracas de comida intensificam o caos. Abrandamos o ritmo para cortar a confusão. Pelo meio, as crianças, em roupas enegrecidas, sempre curiosas, olham para nós com um sorriso e um aceno. Eu tento fazer o mesmo, mas esse momento de distracção quase me faz embater na moto à minha frente. Raios, esta estrada não perdoa nada...
Continuamos até não ter mais cidade. Apenas a planicie eterna do Cambodja e o verde a acompanha-la. Aqui e ali conseguimos encontrar uma casa de madeira, elevada acima do solo por estacas e com telhado de zinco. Uma imagem icónica desta região. Os seus habitantes ignoram a nossa presença e seguem a sua vida. As suas calças sujas e rasgadasdão um indício da sua pobreza. Nos seus rostos vemos Cambodja. A cara de uma simpatia e uma simplicidade de viver.
Estamos quase a chegar. Antes temos de parar e mostrar os nossos bilhetes. À nossa frente a vista é mais ampla e daqui já consigo ver a linha de água que envolve o complexo de Angkor Wat. Lugar idilico para construir o templo. Viramos à esquerda e estamos na última recta para a entrada. As muralhas do templo aparecem por detrás da vegetação.
Ao chegarmos, o bando de turistas preenche toda a entrada. A ponte que atravessa a linha de água é um corre-corre. Deixamos as nossas bicicletas à esquerda, num terreiro que serve de parque às motos, tuc-tuc's e bus que todos os dias trazem centenas de pessoas para este lugar de sonho. Acorrentamos a bicicleta e atravessamos a estrada.

À entrada as crianças rodeiam-nos a tentar vender algo ou pedir dinheiro. Algumas trazem bébés ao colo. Sorriem com um ar de criança, mas as suas vidas estão no limbo entre o corpo de criança e a preocupação de adulto para fazer algum dinheiro. Por mais que custe, não compro nada. Sorrio na volta e troco algumas palavras. Subimos as escadas para a ponte. O inicio da visita. E agora deixo-te para veres por ti este local de sonho por ti. Eu fico aqui a aguardar por ti e quem sabe levar-te para um outro pouso...

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