Sunday, February 5, 2012

Uma cidade simpática


Chennai vale por si. Não sendo um highlitght cheguei sem expetativas. A melhor forma de encontrar uma cidade. O ritmo indiano deste local captou logo a minha atenção. Foi paixão à primeira vista, sem saber muito bem porquê. Olhava à minha volta e não existia nada de atraente. Muito lixo, e o cheiro a acompanhar. Prédios degradados, ruas esburacadas, e uma sinfonia de buzinas. Mas era isso mesmo que me apaixonava. Chennai era real. Não tentava ser mais que uma cidade. Gosto quando isso acontece. Quando as pessoas vivem na sua cidade. Por algum motivo sem explicação, umas são mais reais que outras.

Talvez seja por não ter nenhuma grande atracção. Mas não deixa de ser bela. Com sitios que se enquadrariam num belo postal. O complexo do museu governamental é um exemplo. Situado numa grande avenida – na realidade a avenida passa por cima da antiga estrada – este é um sitio encarnadamente belo. Os edificio são bonitos, e o espaço envolvente permite-te relaxar um bocado. Lá dentro as exposições valem o dinheiro que dás. Nada que te faça cair o queixo, mas gostas das estátuas, das histórias que aprendes, dos ossos, dos animais embalsamados, selos e quadros que tens oportunidade de ver. Se o museu não for suficiente, em pouco tempo estás na praia. Um quasi-contraste com o corre-corre de Chennai. O amplo lençol de areia nivela tudo e desafoga o teu olhar. Estás numa praia de uma grande cidade. Mas, mesmo assim. consegues ter a tranquilidade que só o mar te pode dar.

E embora possam dar boas fotografias e emoções, não são o maior highlight de Chennai. Esse é simplesmente andar pela cidade – algo que tentava explicar aos condutores de rickshaw enquanto recusava as suas generosas ofertas. Em Triplicane – zona do meu hotel – tinha a sorte de poder escolher amplas avenidas, ruas movimentadas ou laterais esguias. Decido pelas ruas movimentadas.

Os prédios variam entre construção colonial, casas tamilianas ou prédios modernos. Mas é perto dos passeios que o movimento atrai a minha atenção. Pouco utilizados pelos peões, servem para beber um chá, colocar a mercadoria, ou ficar sentado a fazer o seu trabalho. Depois destes, estão as bancadas de rua – com frutas, roupas, calçado, etc... - a competir com o estacionamento das inúmeras motas e rickshaws que deixam ou aguardam clientes. Logo a seguir, vamos nós – os peões – lutando por espaço com o trânsito que circula no meio da rua. E é nesta confusão de detalhes e estímulos, de cores e hábitos, que me sinto feliz. Mais do que um grande monumento, aprecio a mãe que cata a sua filha ou a mulher multicolorida a tirar água de uma fonte. Tudo compete pela tua atenção ao ritmo de uma grande cidade indiana.

Este seria o maior highlight, se não tivesse conhecido as pessoas. E são estas, em ultima análise, que fazem o local. Tornam-no belo. Logo no primeiro dia sorriram para mim. E continuaram a fazê-lo nos outros. Impossível terminar melhor do que a tomar um café com duas pessoas desta cidade. E por entre sorriso e conversas, transparecia uma enorme simpatia que diria Chennainiana.

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