Uma nova experiência. Atravessar a
fronteira por terra... bem, neste caso, rio. Até agora apenas o
fizera num aeroporto. Estava curioso. Ao chegar ao posto fronteiriço
no rio Mekong não sabia o que fazer. Mas tudo foi fácil. Passaporte
entregue, papel de saída preenchido e carimbo colocado. Estava
oficialmente fora da Tailândia. Altura de descer a margem do rio e
apanhar um dos barcos longos e esguios que estão à espera de
passageiros.
Ao som do motor, arrancamos para um
novo país. É uma sensação estranha. A de atravessar uma
terra-de-ninguém cheia de água. Quando passo um rio, espero
encontrar a mesma cidade ou cidades-irmãs. A sensação era a mesma
e apenas a bandeira me dizia que era um outro país. Mas isso era
apenas aparência...
Mal pus o pé na outra margem, senti
que era diferente. Algo súbtil. Andei um pouco até ao posto
fronteiriço. Sou recebido por rasgados sorrisos e apresentado à
burocracia que compõe qualquer entrada num país. Uma pergunta
torna-se impossível de responder: “where do you stay?” Pois...
deveria ser fácil, mas desde que comecei a viajar que é comum ir
para o sitio sem dormida marcada. Neste caso, nem sabia qual a cidade
em que ficaria. Pergunto-lhe se tenho de preencher. Ele diz que não
é importante. Com tudo resolvido é altura de pagar o visto...
“What? No euros?!”
“No euros... Dolars” responde-me.
Vejo quanto tenho e não é suficiente. Olho em volta para tentar
encontrar uma solução. Reparo numa cabine de câmbio vazia e
pergunto:
“When does it open?”
“2 P.M.” lapidar, esta resposta...
tal significa que teria de pernoitar por ali. Um atraso na viagem que
não me apetecia ter.
“Other place?” pergunto, na vã
esperança que ainda haja solução. Digo “vã” porque sou
optimista. Outra solução resolver a seguinte charada: “No money,
no visa. No visa, no money...”
“yes... ATM... end of the road.”
responde-me com um simpático sorriso. “You can go to the ATM...”
Nem queria acreditar. Com aquela resposta, desatava o nó górdio que me encontrava. Foi assim que entrei pela primeira vez no Laos. Sem visto, desorientado e à procura de um ATM. Uma sensação estranha de ilegalidade e de entrar num país que parecia diferente do que já tinha experimentado até agora...
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