Sunday, May 13, 2012

Atravessar uma fronteira


Uma nova experiência. Atravessar a fronteira por terra... bem, neste caso, rio. Até agora apenas o fizera num aeroporto. Estava curioso. Ao chegar ao posto fronteiriço no rio Mekong não sabia o que fazer. Mas tudo foi fácil. Passaporte entregue, papel de saída preenchido e carimbo colocado. Estava oficialmente fora da Tailândia. Altura de descer a margem do rio e apanhar um dos barcos longos e esguios que estão à espera de passageiros.
Ao som do motor, arrancamos para um novo país. É uma sensação estranha. A de atravessar uma terra-de-ninguém cheia de água. Quando passo um rio, espero encontrar a mesma cidade ou cidades-irmãs. A sensação era a mesma e apenas a bandeira me dizia que era um outro país. Mas isso era apenas aparência...
Mal pus o pé na outra margem, senti que era diferente. Algo súbtil. Andei um pouco até ao posto fronteiriço. Sou recebido por rasgados sorrisos e apresentado à burocracia que compõe qualquer entrada num país. Uma pergunta torna-se impossível de responder: “where do you stay?” Pois... deveria ser fácil, mas desde que comecei a viajar que é comum ir para o sitio sem dormida marcada. Neste caso, nem sabia qual a cidade em que ficaria. Pergunto-lhe se tenho de preencher. Ele diz que não é importante. Com tudo resolvido é altura de pagar o visto...
“What? No euros?!”
“No euros... Dolars” responde-me. Vejo quanto tenho e não é suficiente. Olho em volta para tentar encontrar uma solução. Reparo numa cabine de câmbio vazia e pergunto:
“When does it open?”
“2 P.M.” lapidar, esta resposta... tal significa que teria de pernoitar por ali. Um atraso na viagem que não me apetecia ter.
“Other place?” pergunto, na vã esperança que ainda haja solução. Digo “vã” porque sou optimista. Outra solução resolver a seguinte charada: “No money, no visa. No visa, no money...”
“yes... ATM... end of the road.” responde-me com um simpático sorriso. “You can go to the ATM...”

Nem queria acreditar. Com aquela resposta, desatava o nó górdio que me encontrava. Foi assim que entrei pela primeira vez no Laos. Sem visto, desorientado e à procura de um ATM. Uma sensação estranha de ilegalidade e de entrar num país que parecia diferente do que já tinha experimentado até agora...

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