Monday, May 14, 2012

Nova rotina


O mundo do viajante também é feito de rotinas. Umas pequenas – como arranjar a mochila – outras que ocupam mais tempo – como arranjar um quarto para dormir. Esta última começa sempre com um olhar que tem um toque de pasmo e outro de perdido. Por este mundo fora são muitos que assim chegam a um novo local.
Eu não estava diferente no primeiro momento de Luang Nam Tha. Talvez um pouco mais perdido que o habitual. Acabava de chegar a um novo país e esta era a minha primeira paragem. Pior, cheguei mais cedo. Quando saí do bus pensava que estava numa simples paragem. Um grupo de turistas despertaram a minha curiosidade: “o que estão a fazer aqui?” Pesquisei à minha volta e nos vidros das bilheteiras encontrava a mesma palavra repetida: Namtha... “Será a minha paragem? Luang Nam Tha?” Decido perguntar. E à terceira confirmação, percebi que era o meu destino.
O segundo passo desta rotina é perceber como se chega ao local dos hosteis. Esta era uma vila pequena demais para ter um mapa no meu guia. E à minha volta só existia... bem, nada. Tinha um mercado, autocarros e uma rua. Nada de tuc-tucs a tentarem vender um hotel ou o quer que seja.
Terceiro passo desta rotina: sair da estação. Com nenhuma opção que não seja a rua, a vida estava facilitada. Faltava escolher a direcção. À esquerda não via nada mais que a rua e os descampados que a envolviam. À direita... voila os tuc-tuc's e o grupo de turistas. Uma escolha fácil. Quando cheguei eles estavam em negociações. Também vão para a cidade, pelo que acabamos por ir juntos. A vila vai-se compondo consoante nos aproximamos do seu centro. Luang Nam Tha tem uma rua principal de onde, todas as outras desembocam. Quando estamos rodeados de hotéis e agências de viagens o condutor pára o tuc-tuc.
Altura de dar o último passo desta rotina. Pegar de novo nas mochilas e começar a bater à porta das guesthouses, com as seguintes perguntas:
“Do you have room?”
“How much?”
“Can I see it?”
Daqui seguem duas alternativas:
“ok, I'll be back if I don't find cheaper” que serve tanto para quando inicias a pesquisa e queres ter a sensibilidade do preço.
Ou então:
“Discount... discount?” que é utilizado quando já tens um quarto que te interessa.
No meu caso faço esta última pergunta com uma voz de pedido, mais do que exigência. Não sou bom a negociar, e esta é a melhor forma que arranjo. Para além disso, aqui a negociação é diferente da indiana. O simples recusar significa isso mesmo, e não que queres um preço muito mais baixo.
E desta forma que consegui o primeiro quarto em Luang Nam Tha. Uma guesthouse que fica um pouco fora da rua principal – normalmente mais baratas – com um aspecto... próprio para ficar apenas um dia. Com a chave na mão, chegava ao fim desta nova rotina. O último momento acontece com o suspiro final... mas, pensando bem, não é assim que terminam todas?

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