O mundo do
viajante também é feito de rotinas. Umas pequenas – como arranjar
a mochila – outras que ocupam mais tempo – como arranjar um
quarto para dormir. Esta última começa sempre com um olhar que tem
um toque de pasmo e outro de perdido. Por este mundo fora são muitos
que assim chegam a um novo local.
Eu não estava
diferente no primeiro momento de Luang Nam Tha. Talvez um pouco mais
perdido que o habitual. Acabava de chegar a um novo país e esta era
a minha primeira paragem. Pior, cheguei mais cedo. Quando saí do bus
pensava que estava numa simples paragem. Um grupo de turistas
despertaram a minha curiosidade: “o que estão a fazer aqui?”
Pesquisei à minha volta e nos vidros das bilheteiras encontrava a
mesma palavra repetida: Namtha... “Será a minha paragem? Luang Nam
Tha?” Decido perguntar. E à terceira confirmação, percebi que
era o meu destino.
O segundo passo
desta rotina é perceber como se chega ao local dos hosteis. Esta era
uma vila pequena demais para ter um mapa no meu guia. E à minha
volta só existia... bem, nada. Tinha um mercado, autocarros e uma
rua. Nada de tuc-tucs a tentarem vender um hotel ou o quer que seja.
Terceiro passo
desta rotina: sair da estação. Com nenhuma opção que não seja a
rua, a vida estava facilitada. Faltava escolher a direcção. À
esquerda não via nada mais que a rua e os descampados que a
envolviam. À direita... voila os tuc-tuc's e o grupo de turistas.
Uma escolha fácil. Quando cheguei eles estavam em negociações.
Também vão para a cidade, pelo que acabamos por ir juntos. A vila
vai-se compondo consoante nos aproximamos do seu centro. Luang Nam
Tha tem uma rua principal de onde, todas as outras desembocam. Quando
estamos rodeados de hotéis e agências de viagens o condutor pára o
tuc-tuc.
Altura de dar o
último passo desta rotina. Pegar de novo nas mochilas e começar a
bater à porta das guesthouses, com as seguintes perguntas:
“Do you have
room?”
“How much?”
“Can I see it?”
Daqui seguem duas
alternativas:
“ok, I'll be
back if I don't find cheaper” que serve tanto para quando inicias a
pesquisa e queres ter a sensibilidade do preço.
Ou então:
“Discount...
discount?” que é utilizado quando já tens um quarto que te
interessa.
No meu caso faço
esta última pergunta com uma voz de pedido, mais do que exigência.
Não sou bom a negociar, e esta é a melhor forma que arranjo. Para
além disso, aqui a negociação é diferente da indiana. O simples
recusar significa isso mesmo, e não que queres um preço muito mais
baixo.
E desta forma que
consegui o primeiro quarto em Luang Nam Tha. Uma guesthouse que fica
um pouco fora da rua principal – normalmente mais baratas – com
um aspecto... próprio para ficar apenas um dia. Com a chave na mão,
chegava ao fim desta nova rotina. O último momento acontece com o
suspiro final... mas, pensando bem, não é assim que terminam todas?
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