Existem sons
estranhos. Todos os segundos os ouvimos. Na maioria nem reparamos.
Mas o duma corrente metálica a tilintar é algo que desperta a tua
atenção. Se vier acompanhado de um balouçar da mota em que estás,
então todos os teus sentidos ficam despertos. Sorte que não era eu
a conduzir e o episódio terminou com um simples tombo da moto. O som
não era de corrente, mas do chassis da roda que se partiram e o
balouçar foi motivado pelo pneu que se enrolou no eixo da roda.
Antes, a mota
tinha servido para chegar ao primeiro sitio da Jar Plains. Uma
planície cheia de Jarros de Pedra a uns quilometros de Phonsovan.
Pela mesma podemos encontrar os vestigios das crateras de bombas que
os americanos largaram, e ter uma pequena noção do que deve ter
sido essa página triste da história da humanidade. Agora, com uma
natureza irónica, os mesmos buracos de destruição estão cobertos
por vegetação. Por aqui a floresta densa deu lugar a pastos verdes
e toda a paisagem dá-nos uma sensação de calma. Para chegar temos
de andar por ruas não asfaltadas, o que dá uma pitada de aventura
ao percurso.A mota é a forma mais prática e livre de visitar estes
monumentos. E de aproveitar para contemplar a beleza que toda esta
região tem. Ou a melhor forma de... ficares parado no meio do nada.
Com uma roda
naquele estado não restava mais nada que não fosse esperar que
alguém nos trouxesse de volta à “civilização”. E o estar
parado tem o condão de te permitir olhar para as mesmas coisas com
outros olhos. Por aquela rua passava a vida diária de Laos. Os
turistas nas minivans, os camiões de transporte de madeiras, as
crianças que regressavam da escola. Em todos, aquele olhar
surpreendido por ver um estranho por ali. E foram muitas as horas de
espera. As suficientes para um sol preguiçoso se esconder atrás da
paisagem.
Quando a minha
“equipa de salvamento” apareceu, respirei de alívio. Não tinha
de procurar uma outra solução e abandonar a moto. A meio caminho em
direcção da cidade um último momento para selar com perfeição
este dia. Uma pequena rapariga repara na mota e no estranho que vai
no rickshaw e sorri. O meu olhar cruza o dela e sorrio também.
Decido acenar com um adeus, ao qual ela responde com um sorriso
maior, um acenar de adeus e uma corrida para me acompanhar...
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