“Anda” diz-me Magritte em jeito de
desafio. Tinhamos acabado de jantar num restaurante de hotel, e não
sabia muito bem porque me chamara. Ao chegar perto dela percebi que
estava a existir uma festa por perto. Ouviamos a música e as pessoas
a cantar. A curiosidade foi maior que a vergonha e acabámos por
bater à porta.
E o que imaginámos ser um espaço
comum, era na realidade um quarto onde um grupo de amigos estavam a
fazer uma festa de Karaoke. Meio envergonhados, pedimos desculpa. Mas
em vez de rostos chateados, fomos recebidos por caras sorridentes e
um convite para participarmos. E no meio deste país tão belo, o
nosso espirito apenas diz: “e porque não?”
Nas próximas horas - por entre
cervejas e canções que não conseguia compreender - o tempo
escorria para um momento intemporal. A alegria e a simpatia eram
dominates. Muitos sorrisos e cantares. E no meio da confusão,
aprendemos que se trata de uma recepção a um familiar vindo da
Australia, que estava pela primeira vez em Laos. Como era o único
que percebia inglês, tornou-se o nosso tradutor oficial e, nas horas
que se seguiram, o nosso intermediário por entre os nossos costumes
e a cultura festiva do Laos.
Quando nos despedimos, os meus olhos
brilhavam e o sorriso rasgava o rosto. Esta forma de sermos acolhidos
no meio de estranhos é algo único neste país. Algo que o
transforma num espaço muito próprio e que se vai arrumando no teu
coração...
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