Sunday, December 11, 2011

Um pôr-de-sol


Foi um dos exercícios mais difíceis. Descrever o pôr de sol. Foi me oferecido por Katya, a minha ex-professora-talvez-futura-professora-e-agora-mais-que-tudo-amiga. E raios, como foi complicado. É quase impossível não cair num lugar comum. Na altura, a minha solução foi recordar o pôr-de-sol mais recente e marcante que tinha visto – numa praia perto de amsterdão – e  tentar descrevê-lo sem nunca mencionar o pôr-de-sol.

Recordo-me desse exercício pois é impossível falarmos em Goa sem mencionar o pôr-de-sol. E pensem em todos os lugares-comuns, todos os clichés, todos os ângulos pois eles aplicam-se. Não o adjectivo. Não por falta de opções, mas porque ao ver mais um, descubro o quão pessoal é. Não existe um, existem milhões. E cada um é único. Tal como a pessoa que o observa. Pois esse é o verdadeiro pôr-de-sol. Um momento de íntima contemplação. Por cada pessoa, um pensamento, uma emoção diferente. E, enquanto o Sol se transforma num vermelho-enigma, antes de desaparecer na bruma oceânica, cada um de nós viaja para um sítio diferente. Vai para uma imagem do seu passado, para um desejo no seu futuro. Hipnotiza-se e destroi o tempo à sua volta.

E no entanto, todos partilham esse tempo de contemplação. Não estou sozinho na rocha, na praia tropical ou neste país. Partilho o momento de ausência com milhões de outras pessoas. Ninguém fala, niguém comenta, mas todos guardamos o segredo comum à humanidade de mais um pôr-de-sol...

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