Monday, April 30, 2012

A sorrir...


Uma pessoa habitua-se às facilidades. Depois de ultrapassado o choque “cultural” de estar num país desenvolvido, as preocupações de comprar um bilhete de comboio esfumaram-se. Com toda a calma dirigi-me à estação de Ayuthaya. Parte do caminho foi feito de barco. Tempo para apreciar as casas de madeira e a pacatez das pessoas. O pôr-de-sol refletia na água e pintava tudo à sua volta. Eu sorria, contente com a minha sorte.
Ao chegar, sou recebido pelo cheiro intenso de comida. O estomâgo comanda-me para a confusão das refeições. Escolho um “clássico”: sticky rice e manga. Satisfeito, sigo para a pequena estação de Ayuthaya. O branco das suas paredes fazem-me recordar outras do meu país. E a ordem – ou desordem – quase me levam de volta a casa. Apenas os meus olhos e o cheiro a comida – existem barracas um pouco por todo lado – me dizem o contrário. Pergunta puxa pergunta e estou na bilheteira. Em menos de três tempos já o tenho na mão.
No dia seguinte - e com mais 18 kilos nos ombros - regresso. As letras escritas no quadro, perto do posto de informação, dizem-me que o comboio chegará a horas. Mas não existe horário que aguente a pontualidade tailandesa. Foi uma questão de tempo até que o pontual se transformasse em atrasado. Uma hora depois da prevista, lá chega. Com o bilhete na mão e o lugar memorizado entro para este animal metálico.
Mal estou no corredor, sinto um arrepio... não de frio mas de espanto. Já não estou habituado a tanto conforto e limpeza. Quase parecia um hotel de luxo. E com este olhar de espanto entrei para o meu compartimento. Os meus companheiros de viagem já tinham tomado o seu lugar.
E do espanto passei à curiosidade. Ao ver o tamanho do espaço, não percebia como poderia arrumar a backpack. Olhava para debaixo das camas e nada. Naquele quarto, de um branco imaculado, a minha mochila não tinha lugar. Ao ver a minha incapacidade, um dos meus colegas mostra o lugar das mochilas. De tanto viajar na India, esqueci-me qual era lugar normal: mesmo por cima da porta. Entre sorrisos e ajudas lá consigo colocar a minha pesada companheira.
Tempo para descansar e aproveitar a viagem. No meio deste confortável comboio, a paisagem ficou ainda mais bela. A caminho do norte, atravesso a montanha e a selva típica desta região. Não deixo de sorrir, enquanto os meus olhos bebem o verde das árvores, os ouvidos a sinfonia dos carris e os pensamentos flutuam para o mundo dos sonhos...

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