Monday, January 23, 2012

A caminho de Munnar


Com as indicações de Firoz memorizadas segui em direcção à primeira paragem de autocarro. Tive de pedir ajuda. Deveria ser ali perto, mas não conseguia encontrar o local. “É já ali” responde-me um vendedor de uma mini-mercearia. E mal aponta, vejo o autocarro a passar por mim. Uma breve corrida e chego a tempo. Digo, perguntando, o meu destino para saber se é o autocarro correcto. O ondular da cabeça do revisor confirma-me que sim. Pelo caminho despeço-me de Forte Cochin.

Saio na paragem que o revisor me indica, mas não encontro o terminal. Saltando de pessoa em pessoa com a minha pergunta: “onde é o terminal?”, sigo uma rua estreita que me direciona ao meu destino. Agora só preciso de encontrar o bus correcto. No meio da confusão, lá me indicam o autocarro. Não é muito atrativo de se olhar, mas uma vez lá dentro nem parece tão desconfortável. Não existem vidros nas janelas, o que permite o ar entrar e observarmos à vontade a paisagem. E se o sol incomodar muito, basta retirar duas patilhas e os estoros descem pela força da gravidade.

O bus arranca assim que fica cheio. Eu tenho um sorriso rasgado. Nem quero acreditar. Vou fazer a primeira viagem num autocarro destes. Preparo-me para o melhor, e principalmente, para o pior.

Sigo por alguns locais citadinos, até atingir as montanhas. Poucas são as palavras para fazer justiça a este caminho. Uma pequena estrada serpenteia as colinas escarpadas das montanhas. À minha volta a selva engole quase tudo, e apenas vejo verde. Não consigo deixar de sorrir. Nem a paragem de 20 minutos, para que um autocarro e um carro consigam cruzar uma curva, me afecta. Como me poderia preocupar quando pareço estar no eden?


O resto da viagem foi um espanto. E o sorriso manteve-se até chegar a Munnar. Uma aldeia no meio das montanhas. Pergunta aqui, corrida de rickshaw ali, lá cheguei à porta da guesthouse combinada. “Não temos quartos” Diz-me ele sem adiantar mais nada. “Sim, mas o Firoz disse-me que me conseguiria arranjar sitio para ficar, mesmo que não fosse aqui” respondo-lhe, já a sentir o nervoso miudinho de quem está a duas horas de perder o Sol e não tem sitio para dormir. “Aqui na rua está tudo esgotado”. Percebo que não adianta ficar aqui, pelo que sigo para a casa de turismo que tinha visto pelo caminho.

Lá dentro três pessoas decidem divertidamente qual a tour que querem fazer. A sua boa onda acalma-me um pouco. Com a decisão da tour tomada, lá consigo explicar o meu caso à pessoa atrás do balcão. Ela diz que acha que tudo está esgotado e sugere que tente um pouco mais à frente, numa das guesthouses existentes. Entretanto outro viajante, que ouvia a minha conversa, dá-me a dica de um hotel que ainda tinha quartos. Peço à empregada do posto para ligar para lá. Enquanto o telefonema vai ocorrendo, a dica multiplica-se por mais três viajantes que estão na mesma situação que a minha.

E lá vamos juntos, ansiosos por saber se existem quartos para todos nós. Acabamos por descobrir que sim. Ninguem iria dormir na rua essa noite. E quando cheguei àquele pequeno quarto de hotel, tudo me parecia perfeito. Dentro de mim crescia um sentimento de que Munnar iria ser especial na minha viagem...

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