Monday, January 2, 2012

A voar até Bengalore...


E mal coloquei o pé dentro do autocarro, lá estava ele. Gritava por mim, algo que demorei a perceber. Quando me virei tinha o condutor de rickshaw que me “saudou” à chegada a Hampi.

“Remember me?” pergunta-me a sorrir. Como me pudesse esquecer. Depois dessa chegada, ainda tive de dizer mais umas vezes não. Nada que ele não aceitasse desportivamente.
“Of course yes. I'm leaving...” digo-lhe retribuindo o sorriso
“You didn't gave me any bussiness, m'n!”
“I told you... your were wasting your time... and money...” despedimo-nos em sorriso de “adversários” com vontades contrárias.

E com isto terminava a minha aventura em Hampi. Dirigia-me agora para Hospet, a cidade de transbordo desta região. Daí apanharia o autocarro para a minha primeira grande cidade indiana – Bengalore. Antes, mais uma boa conversa com outra viajante – Selina – e o reencontro momentâneo com Oscar. O encanto de Hampi, e a supervisão de Ganesha, ainda perduravam.

Passado umas horas lá chegava o autocarro... para meu alívio. Já passava mais de 30 minutos da hora prevista. Desta vez não existiu nenhum pedido de dinheiro ou pessoa adicional. Tudo bem simples. Simples demais. Lugar visto – desta vez em cima – bem acomodado, e lá começamos mais uma viagem. O espaço não é amplo, mas é o suficiente para uma pessoa dormir à vontade. Tenho apenas uma cortina, e duas barras de ferro, a separar-me do corredor. Por esta altura era ainda um pequeno pormenor.

Contemplo a paisagem. A floresta indiana ganha contornos mistiscos à luz da lua. Facilmente conseguimos perceber o motivo desta região ser tão rica em histórias. Tudo à nossa volta puxa a nossa imaginação e o misticismo. O cansaço entretanto vai-se instalando e acomodo-me. Quando estava naquele mundo entre o sonho e o real... uiiiiiiiiiiiiiii... plash. O desafio da gravidade estava ultrapassado. É uma sensação estranha quando o chão foge debaixo dos nossos pés... Bem, neste caso, corpo.

E o que era um pequeno pormenor – estar apenas resguardado do corredor por duas barras de ferro e uma cortina - passa agora a ser algo bem presente na minha mente.Altura de ajustar a posição do corpo para garantir que não seria disparado para o chão.

A viagem continuou com mais uns quantos desafios à gravidade. Uma vez mais, e a custo de alguns amortecedores, chegamos mais cedo que o previsto, antes do sol nascer. E assim, meio a dormir, tenho a primeira impressão da cidade. Tudo está calmo por esta altura – excepção feita aos condutores de rickshaw. Com a experiência de Hampi ainda em mente, sei que tenho cerca de 10 minutos até ficar uma vez mais sozinho. No entanto, é tempo suficiente para me afastar, comprar tabaco e apanhar o rickshaw que me levaria ao hotel nesta cidade que agora acordava...

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