Wednesday, January 4, 2012

Le Moi Errant: O tempo


Quando pensamos em viajar, pensamos em locais físicos. Foi assim comigo. Enquanto preparava este sonho, colocava-me em algum local distante a observar um pôr-de-sol, ou simplesmente a caminhar numa rua qualquer deste mundo. Assim, o onde era o grande presente que estava a oferecer a mim próprio. E a viagem era, acima de tudo, algo geográfico.

Também seria uma jornada emocional – daí a existência desta crónica – mas não tinha entendido que isso, locais ou emoções, não é a base de uma viagem. A sua essência é o tempo. O que estava a oferecer-me era tempo livre. E nos dias de hoje, tal é precioso. É o que torna uma viagem em algo especial. Antes de partir tinha uma relação esquizofrenica com o tempo. Sentia-o precioso e fugídio. Ora o amava, ora o odiava. Hoje, percebo que ele está ao nosso alcance e no nosso controlo. E que isso - ter tempo - é algo que modifica tudo à tua volta.

A vida é feita de escolhas. A minha guiar-me-á para um destino bem diferente do que chegaria caso tivesse tirado um ano para estar em Portugal. As pessoas que conhecemos, as paisagens que admiramos e as experiências que temos são a fonte da nossa mudança. Mas na essência, estaria também numa viagem, tão mágica e especial como a que estou.

Poderão questionar se vale a pena todo o sacrificio. De caras, respondo que sim. Nem preciso de tirar os olhos do ecrã. Basta ouvir os sons à minha volta, sentir os cheiros das flores que decoram as árvores, ou relembrar todos os optimos momentos e pessoas que encontrei pelo caminho. Mas mais do que viajar, isso é viver... e viver vale sempre o sacrifício necessário para o fazer.

4 comments:

  1. Nos últimos meses tenho pensado imenso sobre o tempo. Há algum tempo atrás era pouco porque o desperdiçava, entre sofás, cafés que não apetecia, trabalho pouco reconhecido. Hoje continua a ser pouco (e o quarto ficou mais desarrumado ainda!) porque preencho-o bem mas continua preenchido demais (talvez para nao me lembrar na desarrumação do quarto e do resto). Acho que para o mortal agarrado é mais uma relação ódio-ódio. Dá-me um bocadinho do teu tempo, vá...

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  2. Tens todo o tempo do mundo ;) e de meu pelo menos fica este que estou a escrever lol. Epá relação odio-odio nunca tive. Mas acho que a tua relação muda se veres qual parte do teu tempo é gasto voluntariamente e qual é que és obrigado a gastar ;)

    Só não percebi uma coisa: como é que o tempo bem preenchido pode ser demais?

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  3. Hum essencialmente nao há tempo para a ronha :p

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  4. Acho muito injusto para a ronha :P nem ao fim de semana? Se continuas assim nunca mais ves a rnha na vida... :P

    Joao

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